MPF instaura inquérito para investigar pulverização de agrotóxicos com drones em terras indígenas de Rondônia

MPF instaura inquérito para investigar pulverização de agrotóxicos com drones em terras indígenas de Rondônia


Denúncias apontam impacto ambiental e prejuízos à TI Tubarão Latundê e pequenos produtores no Cone Sul do Estado.

Cacoal, RO – O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil para apurar denúncias de explosão de agrotóxicos por meio de drones em áreas próximas à Terra Indígena (TI) Tubarão Latundê, no Cone Sul do Estado de Rondônia. A decisão foi formalizada na Portaria nº 100/PRM-JPR-2º Ofício, assinada pela Procuradora da República Caroline de Fátima Helpa, em 7 de janeiro de 2025.

De acordo com o documento, a iniciativa tem como base relatos de que fazendeiros da região Estariam utilizando drones para aplicação de agrotóxicos, prática que poderia estar afetando plantações de pequenos agricultores, a floresta no entorno e a área protegida da TI Tubarão Latundê. A medida foi motivada pela necessidade de proteção de interesses difusos e coletivos, conforme previsto no artigo 129 da Constituição Federal e na Lei Complementar nº 75/93.

Objetivos do inquérito e ações iniciais

A pesquisa civil detalhou os impactos da poluição aérea com agrotóxicos, incluindo possíveis danos ao crescimento, à saúde das comunidades locais e ao equilíbrio ambiental. A Procuradoria da República determinou a conversão de um procedimento preparatório anterior em inquérito civil, com o registro e instrução formal do caso.

Como parte das diligências iniciais, foi expedido um ofício à Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Cuiabá, solicitando informações planejadas sobre qualquer inspeção realizada na região. A FUNAI terá 15 dias para responder sobre a situação atual das denúncias, bem como esclarecer se já houve alguma ação de fiscalização ou se existem planos para tal.

Base jurídica e fundamentos

A portaria destaca o papel constitucional do Ministério Público Federal na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e dos indivíduos indisponíveis, como proteção ao meio ambiente e aos direitos indígenas. Enfatizamos também os princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, cumprimento das ações de administração pública.

O documento menciona que a dispersão de agrotóxicos por drones representa um risco potencial de contaminação, tanto para a biodiversidade da floresta quanto para a saúde de comunidades vulneráveis, incluindo pequenos produtores e populações indígenas. O MPF ressalta que essas práticas, caso confirmados, podem definir claramente as legislações ambientais e os direitos de proteção dos territórios indígenas.

Próximos passos

Após a resposta da FUNAI, o inquérito seguirá para nova análise, com a possibilidade de ampliação das investigações e adoção de medidas judiciais ou extrajudiciais. O MPF também poderá solicitar o apoio de outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​​​(IBAMA), para aprofundar as apurações.

A instalação do inquérito reflete a preocupação do Ministério Público em garantir a preservação ambiental e a proteção das tradições indígenas e tradicionais, obedecendo às diretrizes constitucionais e legais que regem a atuação do órgão.





Fonte: Rondônia Dinâmica