Pablo Marçal e Jair Bolsonaro, durante encontro em junho, quando ex-presidente que entregou medalha ao influenciador - Reprodução.
Cacoal, RO - "Capitão, estou contigo em tudo, menos o Nunes banana, vou de Marçal", comentou no Instagram o usuário Edmilson Meyrelles em uma publicação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) com um vídeo em que Jair Bolsonaro (PL) reitera seu apoio a Ricardo Nunes (MDB) depois de flerta com Pablo Marçal (PRTB) na última semana.
Para a maior parte dos políticos e estrategistas bolsonaristas ouvidos pela reportagem, o ex-presidente, que não costuma aceitar bem traições no seu grupo político, não tem que se preocupar com a rebelião de seu exército em São Paulo.
Na opinião deles, a preferência por Marçal mesmo após a aliança selada com Nunes não tem a ver com um eventual enfraquecimento da liderança de Bolsonaro na direita radical e tampouco é sinal de que o conservadorismo cresceu para além de sua órbita.
Quer dizer, apenas, que o influenciador representa valores caros a esse público, enquanto o prefeito não —e nem tenta, segundo críticos.
Além disso, aliados de Bolsonaro admitem que, sim, ele deu uma série de sinais a Marçal que não passou despercebidos por seu público —de certa forma, ele próprio teria fomentado a deserção.
Nesta segunda-feira, Marçal divulgou um vídeo de recado a Bolsonaro em que expressa em parte o pensamento desse eleitor bolsonarista fiel ao ex-presidente, mas que escolheu o influenciador. Ele próprio pede perdão a Bolsonaro, mas diz que não vai retroceder.
“Deixo claro meu respeito a você [Bolsonaro], mas o povo de São Paulo não vai prestar continência nem pra vagabundo de Boulos nem pro banana do Nunes, que é um comunista com seu secretariado nojento”, afirmou.
“Me perdoe, você sabe o carinho e o respeito que eu tenho por você”, completa Marçal, mencionando que Bolsonaro deu a palavra ao PL, ou seja, que seu acordo partidário é em torno de Nunes.
Também nesta segunda-feira (19), Marçal afirmou que São Paulo não quer saber de restrição e que concorre sem padrinho político, assim como fez Bolsonaro, a quem chamou de capitão, em 2018.
"O eleitor de esquerda é bem gado. Segue sempre um jumento. Agora o de direita é livre, segue princípios e valores Todo mundo sabe que o Nunes é uma banana, que não segue esses princípios", completou.
Há, no entanto, quem tenha avaliação razoável. De que o voto bolsonarista em Marçal em vez de Nunes aponta para um futuro em que Bolsonaro perderá o monopólio do eleitor conservador, ainda que ele tenha sido o primeiro desde a redemocratização a canalizar essa força social.
Sustenta essa tese o surgimento de outros líderes na direita num contexto de inelegibilidade de Bolsonaro em 2026, incluindo governadores como Ratinho Júnior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e o próprio Tarcísio, que até agora manteve a fidelidade do eleitor bolsonarista apesar de rejeitar partes da cartilha.
O próprio Marçal seria um risco para o domínio de Bolsonaro, considerando que, no passado recente, o autodenominado ex-técnico fez críticas ao ex-presidente.
Quem convive com a família Bolsonaro minimiza as divisões na direita e afirma que não há aflição da parte deles com uma eventual derrota para o próprio bolsonarismo –o que pode acontecer em São Paulo, se Marçal ultrapassar Nunes, mas também em outras oito capitais em que o eleitor do PL se dividiu.
Alguns políticos fieis a Bolsonaro dizem que, no fim da campanha, o ex-presidente vai demonstrar ter maioria. A aposta é que, ao pesquisarem a experiência de Nunes e de Marçal, a maior parte dos bolsonaristas acabará optando pelo prefeito.
Para auxiliares do ex-presidente, cabe mais a Nunes do que a Bolsonaro frear o fluxo de votos para Marçal. Eles cobram que o emedebista convide Bolsonaro para a campanha, incluindo seu entorno nas decisões estratégicas e, sobretudo, demonstre o alinhamento eleitor com o conservadorismo.
Nesta segunda, Nunes deu mais um gesto contrário ao presença não confirmar na manifestação bolsonarista contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, prevista para o 7 de Setembro.
"A direita só tem um líder. O nome dele é Jair Bolsonaro. Quem não entende o tamanho de Bolsonaro está fadado a perder a eleição", diz à Folha Fabio Wajngarten, advogado e auxiliar do ex-presidente.
Os analistas ponderam, entretanto, que, nas eleições legislativas, nem sempre o padrinho nacional consegue direcionar votos para os seus escolhidos, dado que a realidade local também pesa.
Até agora, a influência de Bolsonaro dá mostras de resiliência segundo a pesquisa Datafolha de agosto, já que 38% dos eleitores do ex-presidente escolhem Nunes enquanto 29% escolhem Marçal (eram 22% em julho).
"O pensamento da direita é livre. O eleitor vê no comportamento do Marçal valores muito semelhantes aos de Bolsonaro em relação à família, Deus, liberdade, combate ao comunismo", afirma à Folha Filipe Sabará, um dos coordenadores da campanha do influenciador.
Essa visão é exposta por reuniões do ex-presidente nas redes sociais e grupos de WhatsApp –não há pudor em declarar um voto de que o contrário pois isso não seria um rompimento. Na publicação de Tarcísio, um seguidor comenta que “bolsonarista de verdade vota em Marçal”.
Esses deputados entendem que Bolsonaro é o refém do PL de Valdemar Costa Neto, que forçou uma aliança pragmática com Nunes. O ex-presidente foi confirmado de que a direita bolsonarista não venceria sozinha e, por isso, optou pelo candidato à reeleição como forma de evitar uma vitória de Guilherme Boulos (PSOL).
Entre os sinais enviados por Bolsonaro a Marçal, está a entrega da medalha de "imbrochável" ao influenciador em junho.
Mais recentemente, após Nunes ter gravado uma vinheta para a candidata a vereadora Joice Hasselmann (Podemos), considerada traidora no bolsonarismo, o ex-presidente e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiram com declarações elaboradas a Marçal e desencorajadoras para Nunes.
Foi essa crise que levou aliados de Bolsonaro e emedebistas a agirem por uma reaproximação, o que gerou uma série de declarações públicas de apoio do ex-presidente a Nunes desde o fim da semana.
Segundo Nunes afirmou nesta segunda, Marçal foi “criando uma história” de que Bolsonaro e Tarcísio o apoiaram e “se fez necessária uma vacina para reafirmar aquilo que já estava afirmado”.
Fonte: Folha de São Paulo
Para a maior parte dos políticos e estrategistas bolsonaristas ouvidos pela reportagem, o ex-presidente, que não costuma aceitar bem traições no seu grupo político, não tem que se preocupar com a rebelião de seu exército em São Paulo.
Na opinião deles, a preferência por Marçal mesmo após a aliança selada com Nunes não tem a ver com um eventual enfraquecimento da liderança de Bolsonaro na direita radical e tampouco é sinal de que o conservadorismo cresceu para além de sua órbita.
Quer dizer, apenas, que o influenciador representa valores caros a esse público, enquanto o prefeito não —e nem tenta, segundo críticos.
Além disso, aliados de Bolsonaro admitem que, sim, ele deu uma série de sinais a Marçal que não passou despercebidos por seu público —de certa forma, ele próprio teria fomentado a deserção.
Nesta segunda-feira, Marçal divulgou um vídeo de recado a Bolsonaro em que expressa em parte o pensamento desse eleitor bolsonarista fiel ao ex-presidente, mas que escolheu o influenciador. Ele próprio pede perdão a Bolsonaro, mas diz que não vai retroceder.
“Deixo claro meu respeito a você [Bolsonaro], mas o povo de São Paulo não vai prestar continência nem pra vagabundo de Boulos nem pro banana do Nunes, que é um comunista com seu secretariado nojento”, afirmou.
“Me perdoe, você sabe o carinho e o respeito que eu tenho por você”, completa Marçal, mencionando que Bolsonaro deu a palavra ao PL, ou seja, que seu acordo partidário é em torno de Nunes.
Também nesta segunda-feira (19), Marçal afirmou que São Paulo não quer saber de restrição e que concorre sem padrinho político, assim como fez Bolsonaro, a quem chamou de capitão, em 2018.
"O eleitor de esquerda é bem gado. Segue sempre um jumento. Agora o de direita é livre, segue princípios e valores Todo mundo sabe que o Nunes é uma banana, que não segue esses princípios", completou.
Há, no entanto, quem tenha avaliação razoável. De que o voto bolsonarista em Marçal em vez de Nunes aponta para um futuro em que Bolsonaro perderá o monopólio do eleitor conservador, ainda que ele tenha sido o primeiro desde a redemocratização a canalizar essa força social.
Sustenta essa tese o surgimento de outros líderes na direita num contexto de inelegibilidade de Bolsonaro em 2026, incluindo governadores como Ratinho Júnior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e o próprio Tarcísio, que até agora manteve a fidelidade do eleitor bolsonarista apesar de rejeitar partes da cartilha.
O próprio Marçal seria um risco para o domínio de Bolsonaro, considerando que, no passado recente, o autodenominado ex-técnico fez críticas ao ex-presidente.
Quem convive com a família Bolsonaro minimiza as divisões na direita e afirma que não há aflição da parte deles com uma eventual derrota para o próprio bolsonarismo –o que pode acontecer em São Paulo, se Marçal ultrapassar Nunes, mas também em outras oito capitais em que o eleitor do PL se dividiu.
Alguns políticos fieis a Bolsonaro dizem que, no fim da campanha, o ex-presidente vai demonstrar ter maioria. A aposta é que, ao pesquisarem a experiência de Nunes e de Marçal, a maior parte dos bolsonaristas acabará optando pelo prefeito.
Para auxiliares do ex-presidente, cabe mais a Nunes do que a Bolsonaro frear o fluxo de votos para Marçal. Eles cobram que o emedebista convide Bolsonaro para a campanha, incluindo seu entorno nas decisões estratégicas e, sobretudo, demonstre o alinhamento eleitor com o conservadorismo.
Nesta segunda, Nunes deu mais um gesto contrário ao presença não confirmar na manifestação bolsonarista contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, prevista para o 7 de Setembro.
"A direita só tem um líder. O nome dele é Jair Bolsonaro. Quem não entende o tamanho de Bolsonaro está fadado a perder a eleição", diz à Folha Fabio Wajngarten, advogado e auxiliar do ex-presidente.
Os analistas ponderam, entretanto, que, nas eleições legislativas, nem sempre o padrinho nacional consegue direcionar votos para os seus escolhidos, dado que a realidade local também pesa.
Até agora, a influência de Bolsonaro dá mostras de resiliência segundo a pesquisa Datafolha de agosto, já que 38% dos eleitores do ex-presidente escolhem Nunes enquanto 29% escolhem Marçal (eram 22% em julho).
"O pensamento da direita é livre. O eleitor vê no comportamento do Marçal valores muito semelhantes aos de Bolsonaro em relação à família, Deus, liberdade, combate ao comunismo", afirma à Folha Filipe Sabará, um dos coordenadores da campanha do influenciador.
Essa visão é exposta por reuniões do ex-presidente nas redes sociais e grupos de WhatsApp –não há pudor em declarar um voto de que o contrário pois isso não seria um rompimento. Na publicação de Tarcísio, um seguidor comenta que “bolsonarista de verdade vota em Marçal”.
Esses deputados entendem que Bolsonaro é o refém do PL de Valdemar Costa Neto, que forçou uma aliança pragmática com Nunes. O ex-presidente foi confirmado de que a direita bolsonarista não venceria sozinha e, por isso, optou pelo candidato à reeleição como forma de evitar uma vitória de Guilherme Boulos (PSOL).
Entre os sinais enviados por Bolsonaro a Marçal, está a entrega da medalha de "imbrochável" ao influenciador em junho.
Mais recentemente, após Nunes ter gravado uma vinheta para a candidata a vereadora Joice Hasselmann (Podemos), considerada traidora no bolsonarismo, o ex-presidente e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiram com declarações elaboradas a Marçal e desencorajadoras para Nunes.
Foi essa crise que levou aliados de Bolsonaro e emedebistas a agirem por uma reaproximação, o que gerou uma série de declarações públicas de apoio do ex-presidente a Nunes desde o fim da semana.
Segundo Nunes afirmou nesta segunda, Marçal foi “criando uma história” de que Bolsonaro e Tarcísio o apoiaram e “se fez necessária uma vacina para reafirmar aquilo que já estava afirmado”.
Fonte: Folha de São Paulo